Os “sinais” da pele

Os “sinais” da pele

Por: Dr. Fernando Ribas

Cuidados fundamentais todo o ano

Qualquer pápula, saliência, verruga, mancha ou ponto, escuros, acastanhados ou avermelhados da pele são apelidados de “sinais”. Os dermatologistas utilizam o termo cientifico de nevo para designar algumas destas lesões. Todos os indivíduos caucasianos ( de raça branca ) possuem habitualmente cerca de 40 a 50 nevis/sinais. Os nevos são acumulação de células da pele geralmente benignas. Começam a surgir após a infância ( a partir dos oito ou nove anos de idade ), aumentando gradualmente de número e tamanho durante a 2ª e 3ª década – são chamados de nevos adquiridos, Esta evolução dá-se até á 6º ou 7º décadas e posteriormente têm tendência a regredirem e mesmo a desaparecerem. Há, contudo, alguns sinais que surgem ao nascimento ou no 1º ano de vida, São chamados de nevos congénitos. Aparentemente estáveis, aumentam proporcionalmente durante o crescimento da criança. Necessitam de vigilância mais cuidada porque o risco de degenerarem é superior aos nevos adquiridos. Estes necessitam, contudo, de algum controle.

Os nevos adquiridos sofrem, como referimos, evolução ao longo dos anos.
Começam na infância como nevos de junção ( pequenos e escuros ), evoluem nos adultos jovens para nevos compostos ( maiores e mais castanhos ) e posteriormente ficam mais salientes e claros – nevos intradérmicos, Se num adulto surgir um novo sinal, particularmente se for escuro, deverá ser observado, Se um dos sinais tiver uma evolução brusca e diferente dos outros, então torna-se necessário também uma observação por um especialista. Os nevos que exigem observação imediata e suspeitos de poderem malignizar são aqueles que classificamos de atípicos ou displásicos. A memória ABCDE, ajuda-nos a detecta-los. Ou seja, lesões assimétricas, de bordo irregular, com mais que uma cor, com dimensões acima de 6mm e com evolução rápida ou alguma elevação. É sempre necessário observar a totalidade da pele para detectar algum nevo com essas características atípicas e que se apresente com aspeto deferente dos restantes. Mas é importante ,que existem, mais frequentemente a partir da 5ª ou 6ª década outras lesões, também vulgarmente chamadas de sinais, tais como: angiomas rubis_ pontos vermelhos; queratoses hipertróficas seborreicas – lesões castanhas verrugosas que por vezes esfarelam; lentigos – manchas acastanhadas ou negras; histiocitomas – lesões endurecidas, deprimidas ou salientes; fibropapilomas – lesões pediculadas e salientes; granulomas – lesões inflamadas; queloides – cicatrizes hepertróficas; lipomas – tumores moles, subcutâneo de gorduras; verrugas _ cravos, quistos, etc. Teremos de atender especialmente a outras lesões cutâneas que exigem tratamento rápido, tais como as queratoses actinicas – lesões descamativas e crostas – que são pré-cancerosas. Os carcinomas basocelulares – que assumem múltiplos aspectos desde pápulas, nódulos, quistos e feridas sangrantes e os carcinomas espinocelulares- geralmente rugosos, duros e crostosos são tumores malignos e exigem exerese ( extração) cirúrgica imediata.

Porém, o que mais tememos são os melanomas malignos – as neoplasias mais agressivas.
Assumem o aspeto e evolução atípica que acima referimos. Estima-se que a grande maioria do melanomas surge sobre nevos pigmentados preexistentes. È muito importante o autoexame da pele. Todos devemos conhecer os nossos sinais, observa-los com alguma regularidade e estar atentos ás suas alterações. Temos responsabilidade também sobre os nossos familiares que connosco vivem e convivem. Quem tem muitos sinais deve ser observado por dermatologista e poderá ter necessidade de efectuar um exame chamado de Dermatoscopia Digital Computorizada, Este exame, não invasivo, não agressivo e completamente indolor,consiste no mapeamento dos sinais da pele e registo microscópico daqueles mais atípicos. Assim é possível detectar precocemente lesões atípicas e instáveis, permitindo comparar periodicamente uma possível evolução ou alteração mínima que os nossos olhos não conseguem ainda visualizar. Muitas vidas serão poupadas se existir cuidado na exposição solar, no autoexame e no registo e mapeamento dos nevos.

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